quinta-feira, 2 de julho de 2009

Billie é .. beautiful rsrsr is life!

...
A arte é uma consequência da alma humana que não pede licença para brotar em nenhum lugar. Com elegância ou com feiúra . Marginalizada ou legalmente reconhecida. Mais conceitual ou menos conceitual. Enfim: ela simplesmente surge e se faz reconhecer como arte e ponto final. A arte é a expressão da alma do ser humano, o reflexo da sua aspiração e da sua afinidade ou relutância para com o meio terrestre em que ele vive. E uma das expressões artísticas contemporâneas que mais tem fascinado é o grafite, pela sua capacidade de carregar mensagens mais explícitas e pelo volume de criatividade que seus respectivos artistas - a maioria anônimos - tem mostrado nos muros dos grandes centros urbanos e, atualmente, até nas galerias do museus. Sim, queiram ou não, já trata-se de um autêntico nicho artístico, de uma vertente da arte contemporânea rotulada como Arte de Rua ou Street Art, em inglês.


O grafite foi, inicialmente nos anos 70, uma expressão que surgiu como forma de protesto e anarquismo dentro dos redutos do hip hop americano - usando tintas aerosol ou spray, os jovens negros do Bronx costumavam grafitar (ou pixar) mensagens e imagens em muros, prédios e trens do metrô com críticas ao governo e ao sistema como um todo. A partir dos anos 80, o hip hop passou a ser visto não mais como um estilo musical das ruas ou uma música marginal, mas sim um novo estilo que podia ser sofisticado e moldado aos propósitos do mercado como um novo da chamada "cultura de mídia". Se nos EUA até os jovens brancos de classe-média estavam aderindo ao estilo do hip hop, significava que o estilo - e a filosofia como um todo - tinha um grande poder de absorver as aspirações das novas juventudes em qualquer lugar do mundo onde a apreciação musical e as manifestações sociais fossem livres. Foi aí, então, que o rap e hip hop rapidamente se espalharam pelo mundo todo através da globalização, que permitiu com que gravadoras midiáticas - Columbia, Sony, Verve e cia - exportassem-os como as novas propostas de moda e de musica do mundo pop, a partir dos anos 80 e 90. E o grafite, assim como o estilo hip hop de se vestir e a respectiva dança chamada break , foi exportado junto ao rap aos maiores centros do mundo: era como os jovens deveriam se expressar frente à sociedade injusta em que viviam; era o estigma da rebeldia de uma nova juventude prestes ultrapassar o século 21, assim como o rock havia sido nos anos 60 para a juventude da época. No livro A Cultura da Mídia do filósofo americano Douglas Kellner, há capítulos inteiro dedicados aos impactos da cultura pop e da black music, dos cartoons e quadrinhos, da blaxploitation, bem como do grafite, rap e seus afluentes, com menção inclusive do jazz como uma das possíveis fontes de origem junto ao funk, haja vista que o rapper Gill Scott-Heron foi um autêtico músico de jazz em seu início de carreira e, mais tarde, foi considerado um "divisor de águas" para o novo estilo de rhythm'n'poetry que surgiria a partir de meados da década de 70: o rap.


Os Gêmeos

O Grafite - ou grafitti em inglês - também foi se sofisticando na mão de talentosos pixadores de parede nos grandes centros urbanos. As pessoas mais jovens, que cresceram nesses centros, não precisam ser lembradas da má imagem que um pixador de parede tinha - e ainda tem - frente à sociedade: era quase um criminoso. Mas, sem teorias sociais e muito menos leis que pudessem fundamentar a má índole que um pixador de parede pudesse ter, o movimento do grafite foi se expandindo e criando artistas autênticos que deixaram de ser simples pixadores rebeldes para serem autênticos artistas de rua ou os precursores da chamada Street Art - aliás, hoje em dia não só há uma distinção de um autêntico artista de rua em relação à um pixador, como também há rivalidades entre essas duas classes de manisfestantes urbanos: um é artista, o outro um vândalo. E assim como o rap se tornou uma música de mercado e até de pesquisa, o grafite passou a ser visto não mais como uma expressão marginal, mas como uma nova vertente da arte contemporânea, um novo nicho artístico. Trata-se, portanto, de um fenômeno mundial - não é uma especulação. Trata-se de um fato.

Ora, bem antes lá nos anos 80 já ocorrera um fato de sofisticação da arte de rua que ficou mundialmente conhecido: o sucesso do grande pintor Jean-Michel Basquiat, que começou a se expressar com frases e assinaturas nas paredes e metrôs de Nova Iorque e ,logo depois, apadrinhado por Andy Warhol (pioneiro da Pop-Art), chegou com grande sucesso às galerias dos museus de arte moderna, sendo reconhecido como um dos artistas mais originais de todos os tempos. E de uns tempos para cá, então, cada vez mais outros talentosos artistas de rua estão subindo os degraus do reconhecimento midiático e passando a ser contratados por grandes museus e instituições de arte para expor suas pinturas. Inclusive, temos exemplos desse fenômeno aqui mesmo no Brasil: em São Paulo, onde há um relevante pioneirismo do grafite desde o final da década de 70, houve grandes pioneiros do desenvovimento da Street Art: como os artistas paulistanos Allex Valauri e Hudinilson Jr e, mais tarde, Gustavo Pandolfo e Otávio Pandolfo, que assinam como osgêmeos, e Hamilton Yokota, que assina como Titi Freak, foram alguns dos pioneiros do gênero aqui no Brasil.
No caso de Allex Valauri e Hudinilson Jr, a escolha de muros como telas de pintura não foi um reflexo apenas da influencia do hip hop, mas sim uma consequência do estudo às novas formas de se expressar, bem como da necessidade de diversificar a arte e quebrar velhos paradigmas artisticos, impondo outras vias de expressão: os dois artistas trabalhavam com outras expressões como a gravura, a pintura sobre bottons, o uso do papel stencil, adesivos, camisetas e objetos e até foram os pioneiros da pequisa do uso do kitsch dentro do espaço urbano aqui no Brasil. Inclusive eles fizeram parte de um coletivo de artistas trangressores chamado 3NÓS3, que desde o final dos anos 70 já vinham fazendo manifestações como pintar imagens e mensagens em muros da cidade de São Paulo, encapuzar as principais esculturas públicas da cidade com sacos de lixo e escrever mensagens de libertação nas portas das principais galerias de arte: como aconteceu em 1979, quando o grupo deixou um X com fita crepe nas portas das galerias acrescido da mensagem "O que está dentro fica, o que está fora se expande" - era uma petição do reconhecimento à arte performática acabada de surgir nas ruas dos rappers, skatistas, punkers e libertários afins.
Já no caso dos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, os osgêmeos, o movimento hip hop paulistano foi o principal ponto de origem à caminhada para a arte que hoje representam. Moradores do bairro paulistano Cambuci, eles passaram a desenvolver um estilo próprio diferente do já tarimbado estilo do grafite americano. Tanto que em meados dos anos 90 eles passaram a ser reconhecidos pelos principais pesquisadores do gênero e, logo após esse reconhecimento, passaram a ser chamados para desenvolver trabalhos em grandes espaços e galerias internacionais. As fachadas da galeria Tate Modern, em Londres, e do castelo de Kelburn, na Escócia, foram ilustratas pelas mãos dos dois artistas de São Paulo que, quando mais jovens, viviam perambulando entre os points do movimento hip hop e as ruas da cidade à procura de muros que pudessem ser ilustrados. No entanto, apesar de surgirem das ruas e do hip hop, eles são sinceros e condizentes quanto à transposição e sofisticação que os talentosos representantes da chamada Street Art vém recebendo: "Ao sairmos das ruas para os museus, o nosso trabalho deixou de ser Street Art. O grafite sempre foi das ruas e nós nunca esperávamos que ele fosse parar nas galerias. Mas foram uma consquência dos trabalhos que ficaram mais sérios e profissionais. Para nós foi uma experiência trabalhar com novos objetos e com novos espaços".

quarta-feira, 25 de março de 2009

Guerrilheiro do séc. XXI? ... Quero ser Banksy...







Banksy é o anônimo mais famoso que existe. Seu nome solicitado ao Google gera mais de um milhão de páginas. Bansky ficou anonimamente famoso com a sua streetart, com os seus graffiti inicialmente pintados em Bristol na Inglaterra, mas depois em várias outras cidades do mundo.
Os locais por ele escolhido são os mais diversificados. Tanto pode ser um muro em um local abandonado, como uma parede de uma loja em uma rua bem movimentada de uma metrópole; pode ser Berlin, em um monumento russo, ou na Faixa de Gaza. (…)





No início do ano passado a famosa Sotheby de Londres vendeu um quadro de Banksy por 80.000 euros. Alguns graffiti de Banksy valem mais do que as próprias casas nas quais eles foram pintados. Sua técnica é a do estêncil que ele prepara cuidadosamente em casa e na rua basta o tempo para fixá-lo e utilizar o spray. É fatal que o homem conhecido como Banksy seja o maior artista de rua dos nossos tempos. O alcance global do conteúdo de suas obras, aliados à uma certa onipresença e a ousadia na escolha dos lugares a serem interferidos (a Disneylandia ou os pingüins do Zoológico de Londres) fizeram de seus stenciles imediatamente reconhecíveis pelo grande público mas, a despeito disso, seu nome verdadeiro, ano de nascimento e cidade natal permanecem um mistério.
Desde o ano passado, pedaços de rua grafitados têm sido arrancados e vendidos no e-Bay a 20 mil libras. Tanto furor tem a ver com a crescente atenção e importância que as intervenções urbanas vêm ganharam nos grandes e médios centros urbanos de todo mundo depois de saírem da esfera da pichação pura – uma concorrência entre grupos e indivíduos pichadores cujo objetivo é, essencialmente, elevarem seus nome e assinaturas através do vandalismo mais arriscado. As intervenções urbanas são agora parte da chamada arte contemporânea pelo refinamento dos objetivos, referências das gravuras e complexidade das mesmas; são instalações artísticas à céu aberto que hoje dialogam com o aspecto do pixe (nada de tintas nobres, técnicas acadêmicas ou amenidades) e com as grandes galerias de arte.
Banksy é um dos cabeças-de-chave desse movimento que têm levado as ruas para dentro dos museus e a arte para transeuntes. Suas gravuras possuem um claro conteúdo político, rebelde, que se derrama em sarcasmos tão violentos quanto sutis: o soldado sendo revistado pela menininha, o guerrilheiro que joga um buquê de flores ao invés de uma bomba, a empregada varrendo a sujeira para dentro da parede, os dois assassinos de Pulp Fiction portando bananas ao invés de armas, ou portando armas, mas vestidos de bananas. São protestos que podem ser compreendidos e sentidos do mesmo modo por londrinos e colombianos, Banksy mexe com a cultura de massa, com os produtos e a miséria nossa de cada dia e depois embala tudo com tinta preta e referências à artistas contemporâneos como a fotógrafa norte-americana Diane Arbus ou o pop-artist Andy Warhol. Sua obra é carregada de conteúdo social expondo claramente uma total aversão aos conceitos de autoridade e poder. Em telas e murais faz suas críticas, normalmente sociais, mas também comportamentais e políticas, de forma agressiva e sarcástica, provocando em seus observadores, quase sempre, uma sensação de concordância e de identidade. Suas pinturas protestam a guerra, o capitalismo, a publicidade e a opressão de animais.
Apesar de não fazer caricaturas ou obras humorísticas, não raro, a primeira reacção de um observador frente a uma de suas obras será o riso. Espontâneo, involuntário e sincero, assim como suas obras.

Site oficial:

http://banksy.co.uk/







Se Marx disse, em outros tempos, “proletários de todo o mundo, uni-vos”, agora é a altura de Banksy, um dos mais emblemáticos artistas de rua do mundo, dizer “graffiteiros de todo o mundo, uni-vos”.






terça-feira, 10 de março de 2009

O Desejo de Deleuze...







"... tarefa de filósofo, pretendíamos propor um novo conceito de desejo. As pessoas, quando não fazem filosofia, não devem crer que é um conceito muito abstrato, ao contrário, ele remete a coisas bem simples, concretas. Veremos isso. Não há conceito filosófico que não remeta a determinações não filosóficas, é simples, é bem concreto. Queríamos dizer a coisa mais simples do mundo: que até agora vocês falaram abstratamente do desejo, pois extraem um objeto que é, supostamente, objeto de seu desejo. Então podem dizer: desejo uma mulher, desejo partir, viajar, desejo isso e aquilo. E nós dizíamos algo realmente simples: vocês nunca desejam alguém ou algo, desejam sempre um conjunto. Não é complicado. Nossa questão era: qual é a natureza das relações entre elementos para que haja desejo, para que eles se tornem desejáveis? Quero dizer, não desejo uma mulher, tenho vergonha de dizer uma coisa dessas. Proust disse, e é bonito em Proust: não desejo uma mulher, desejo também uma paisagem envolta nessa mulher, paisagem que posso não conhecer, que pressinto e enquanto não tiver desenrolado a paisagem que a envolve, não ficarei contente, ou seja, meu desejo não terminará, ficará insatisfeito. Aqui considero um conjunto com dois termos, mulher, paisagem, mas é algo bem diferente. Quando uma mulher diz: desejo um vestido, desejo tal vestido, tal chemisier, é evidente que não deseja tal vestido em abstrato. Ela o deseja em um contexto de vida dela, que ela vai organizar o desejo em relação não apenas com uma paisagem, mas com pessoas que são suas amigas, ou que não são suas amigas, com sua profissão, etc. Nunca desejo algo sozinho, desejo bem mais, também não desejo um conjunto, desejo em um conjunto.."

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* fragmento da entrevista "O Abecedário de Gilles Deleuze" da série de entrevistas, feita por Claire Parnet nos anos 1988-1989.

http://intermidias.blogspot.com/
neste link tem a entrevista na integra.

* foto 2 - minha cena favorita do filme do Bergman : O Sétimo Selo (1957). Inesquecível partida de xadrez entre o cavaleiro e a morte que mudou para sempre a face do cinema, eterno jogo entre a luz e as trevas.
Qual a associação? Bem, Deleuze suicidou-se em 4 de novembro de 1995. Talvez tenha travado uma jogada de xadrez e tanto tbm.... Praticamente um xeque-mate.

sábado, 7 de março de 2009

Desejos Perpétuos...

"Seres humanos são criaturas de Desejo.Eles se torcem e dobram como eu exijo."

Só há uma coisa pra se ver no reino crepuscular de Desejo. É o que se chama limiar, a fortaleza do Desejo. Desejo sempre morou no limite. O limiar é maior do que podemos imaginar. É uma estátua de Desejo,ele ou ela própria.(Desejo nunca se satisfez com um único sexo. Ou apenas uma de qualquer coisa... Exceto, talvez, o próprio limiar.)O limiar é um retrato do Desejo,completo em todos os detalhes, erguido, a partir de seus caprichos, com sangue,carne, osso e pele. E, como toda verdadeira cidadela desde o início dos tempos, o limiar é habitado. O lugar só tem um ocupante neste momento.O Desejo dos Perpétuos. O limiar é grande demais para apenas uma pessoa. Contém dois tímpanos maiores que uma dúzia de salões de baile. E veias vazias e ressonantes como túneis. É possível andar nelas até envelhecer e morrer sem passar novamente pelo mesmo lugar. Entretanto, dado o temperamento de Desejo, só há um lugar em toda a catedral de seu corpo que lhe serve como lar. Desejo mora no coração.
É improvável que qualquer retrato consiga fazer jus a Desejo,pois vê-la (ou vê-lo)seria o mesmo que amá-lo(ou amá-la) - apaixonadamente,dolorosamente, até a exclusão de tudo o mais. Desejo exala um perfume quase subliminar de pêssegos no verão e projeta duas sombras: uma negra e de nítidos contornos; a outra sempre ondulante,como neblina no calor. Desejo sorri em breves lampejos, da mesma forma que o brilho do Sol reluz no gume de uma faca. E há muito, muito mais do gumede uma faca na essência de Desejo. Jamais a(o) possuída(o), sempreo(a) possuidor(a), com pele tão pálida quanto fumaça, e olhos aguçados como vinho. Desejo é tudo o que você sempre quis. Quem quer que seja você. O que quer que seja você.Tudo.

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http://www.sonhar.net/php/index.php

* Sandman é uma revista de história em quadrinhos Foi criada por Neil Gaiman em 1988. Suas histórias descrevem a vida de Sonho, o governante do Sonhar (o mundo dos sonhos) e sua interação com o universo, os homens e outras criaturas. Os Perpétuos ou Sem Fim (Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio) são um grupo de seres que personificam vários aspectos do universo na série de história em quadrinhos Sandman, de Neil Gaiman. Eles existem desde a aurora dos tempos e acredita-se que estão entre as criaturas mais poderosas (ou pelo menos influentes) do universo Sandman, desempenhando papel central ao longo da história, em que Sonho é o protagonista.


Recomendo o filme MIRROR MASK , roteiro do Gaiman.
É um mergulho "fantástico ao mundo do SONHAR".

sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Louise Bourgeois desenvolveu uma lógica das pulsões, importando vincular sua obra aos grandes temas do conhecimento ou da literatura e não aos sistemas da arte. Melhor falar então de um material extraído de recalques e embates da vida como abandono e ira, desejo e agressão, comunicação e inacessibilidade do Outro. No confronto permanente entre pulsões de morte, angústia, medo e as pulsões da vida, a obra de Louise Bourgeois é uma dolorosa e triunfante afirmação da existência iluminada pela libido. Nessa obra biográfica e erotizada, transformar materiais em arte é uma conversão física, não no sentido religioso, mas como a conversão da eletricidade em força. Digamos que a obra de Com o propósito de adquirir um melhor entendimento da obra de Louíse Bourgeois, é preciso estar atento aos questionamentos que certamente o seu trabalho, por sua especificidade nos coloca, assim como o espaço, o tempo e o ambiente artístico onde esta produção está inserida. A artista está envolvida em algum desses debates? Quais? Como? Por volta de 1968, inicia se uma radicalização dos artistas em torno de assuntos como a Guerra do Vietnã e a ascensão do movimento do poder Negro e da “Nova Esquerda” (políticas feministas, ecológicas e culturais). Entre essas discussões estava em evidência as críticas feministas que se apropriavam de palavras de ordem como “o pessoal é político” reforçando a idéia de que o aspecto da opressão que a mulher experimentava em sua própria vida tinha de fato uma dimensão política. Louíse Bourgeois fazia parte desse grupo e seu trabalho era reconhecido como uma das grandes representações dessa manifestação. Esses dados geram então outras curiosidades: Como ela faz de seu trabalho uma representação da manifestação feminista? Se estabelecermos um paralelo entre sua produção e a de outras artistas a que respostas chegaremos? Sendo autora de um número tão grande de desenhos, esculturas e instalações, é possível identificarmos uma linearidade em sua poética? Será possível identificar alguma característica capaz de facilitar o nosso entendimento á respeito dos ideais da arte da primeira metade do século em relação ás décadas subseqüentes?Caminhe pela territorialização de imensidões. São assim o corpo, a casa, a cidade e o desejo. Ou a geometria, a família e a insularidade. Obra antiplatônica, não se satisfaz com o mundo das idéias e conjecturas. Deseja ter um corpo.
Esta arte não despreza a intensa referência ao sujeito. Retira a mulher da zona da sombra da história da arte. E esse sujeito da arte é uma mulher. Depois de Bourgeois, o universo da arte já não será de mulheres no mundo dos homens, nem têm de falar aí a linguagem dos homens, mas tornar presente seu próprio desejo. Moda e roupa são partes de um código identificado com o feminino.

A imensa Aranha é trabalho, doação, proteção e previdência. É da potência da teia oferecer-nos acolhida ou enredar-nos como uma presa...


'A domesticidade é muito importante. Eu a acho avassaladora. Como tem de ser prática, paciente e prendada.'



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lendo: A Desobediência Civil / Henry David Thoreau
ouvindo: Celson Fonseca, Odetta, Regina Carter, Mary Lou Wiliams

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Salve Sr. Bispo do Rosário!!! Abram passagem.


Artur Bispo do Rosário - artista brasileiro – este um ex-pugilista, ex-marinheiro e ex-empregado doméstico, negro, psicótico, nascido em 1909. Deixou um vasto acervo, composto de quase mil peças criadas ao longo de cinqüenta anos de confinamento do artista em uma instituição psiquiátrica. Essas peças, que vão desde objetos avulsos, como navios de madeiras ou uma roda de bicicleta, até assemblages, fardões, fichários, faixas, panôs, coleções de miniaturas, tabuleiros com peças de xadrez e um majestoso manto bordado, dentre vários outros artefatos, compunham o que o próprio artista designou de "registros sobre minha passagem sobre a terra", um catálogo de todas as coisas do mundo, que, segundo ele, seria apresentado a Deus no dia do Julgamento Final. De meados dos anos 50 até sua morte em 1989, Bispo se dedicou, com grande afinco e extraordinário senso de rigor, à sua missão, convicto de que tinha sido o escolhido de Deus para reconstruir o mundo após o fim de tudo, repovoando a terra com seus "objetos mumificados" e suas listas infinitas de nomes e imagens bordadas sobre panos ordinários. Buscava sua matéria prima no cotidiano mais imediato, nos redutos marginalizados da pobreza, no agora de sua própria experiência: sapatos, canecas, pentes, garrafas, latas, ferramentas, talheres, embalagens de produtos descartáveis, papelão, cobertores puídos, madeira arrancada das caixas de feira e dos cabos de vassouras, linha desfiada dos uniformes dos internos, botões, estatuetas de santos, brinquedos, enfim, tudo o que a sociedade jogou fora, tudo o que perdeu, esqueceu ou desprezou. Compôs, a partir desse entulho, uma narrativa visual de sua passagem pelo mundo, uma narrativa ordenada segundo as leis mais rigorosas da taxonomia e, ao mesmo tempo, atravessada pelo movimento espontâneo da imaginação. Nela, como explica Eliana Lourenço em ensaio sobre o artista, Bispo deixou inscrito o seu "desejo de buscar uma compreensão da ordem cósmica e de reordenar a vida". Seus objetos, mesmo que desvestidos do caráter funcional e descartável, ao serem subjetivizados pela posse e pela criatividade do artista, passam a dizer muito mais de seu contexto do que quando ocupavam simplesmente o espaço utilitário de suas funções imediatas. Eles adquirem uma linguagem, convertem-se em metonímias do próprio contexto de que foram tirados. As coleções de Bispo arrancam o objeto de sua própria inércia, dão-lhe um nome, um lugar e uma história. Ao mesmo tempo em que se configuram como registros de um tempo, de uma vida e de um contexto marcados pela pobreza, pela loucura e pela exclusão, elas se transfiguram em metáforas sempre renovadas do mundo, confirmando as palavras de um outro artista, Hélio Oiticica, segundo o qual "o objeto é a descoberta do mundo a cada instante".


Os objetos apresentados por Bispo em suas coleções são visivelmente enciclopédicos, pois abrangem toda a esfera das matérias a que o homem empresta uma forma. Eles compõem, em conexão com os inúmeros textos, desenhos, mapas, em geral bordados em roupas e estandartes, um mundo desordenado pelas suas próprias regras de organização, através do qual o artista busca dar um sentido à sua própria realidade.
Foto 1 Bispo com "sua " Assemblage.
Foto 2 Bispo com o Manto da passagem
Foto 3 " os ORFA" , ou seja objetos recobertos por fio azul.
* Leia o livro "O senhor do labirinto" da Luciana Hidalgo.
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no momento:
lendo: Vivências / Hermann Hesse
ouvindo: Nina Becker , Buika, Novelle Cuisine, Ravel, Little Joy, Arturo Marquez( não enjoo), Omara Portuondo,
filme: Som do coração, Apenas uma vez, ...

domingo, 14 de dezembro de 2008

... adaptação...



...
O homem, como todos os seres vivos, se adapta às condições em que vive e transmite , através de herança cultural, seus hábitos adquiridos. Portanto, por nascer e viver na escravidão, acredita que a "escravidão" é uma condição essencial à vida.





Anarquia é uma palavra grega que significa literalmente "sem governo", isto é, o estado de um povo sem uma autoridade constituída. Antes que tal organização começasse a ser cogitada e desejada por toda uma classe de pensadores, ou se tonasse a meta de um movimento, que hoje é um dos fatores mais importantes do atual conflito social, a palavra "anarquia" foi usada universalmente para designar desordem e confusão. Afirmações dogmáticas sobre o caráter de Deus e sobre o que Ele faz deixam pouco espaço para a fé verdadeira nas coisas que não se vêem.



Um dogma é uma crença/doutrina imposta, que não admite contestação, cada um dos pontos fundamentais e indiscutíveis de uma crença religiosa. No campo religioso se alega ser uma verdade divina, revelada e acatada pelos fiéis. O termo DOGMA está ligado à ideologia ou conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso ou político. São afirmações absolutas que não permitem a discussão, ou melhor, um conjunto sitemático de representações (idéias, valores) e de normas ou regras (de conduta), que indicam ou prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir, fazer e como...

"Crer no que é sustentado pela maioria freqüentemente é parte da tendência ao legalismo."


Regras ? O que são regras ? A sociedade é como um conjunto de normas de ação, pensamentos e sentimentos que superam as "consciências individuais" e devem ser aceitas e seguidas por todos.

O que é isso? Regras...
...
realmente algumas, se não todas, foram feitas para serem quebradas.




O famoso retrato de Che Guevarra, intitulado Guerrilhero heróico foi tirado por Alberto Koda em 5 de março de 1960 em Havana/Cuba durante um memorial dedicado às vítimas da explosão de La Coubre. De acordo com Korda, Guevara demonstrava "imobilidade absoluta", "raiva" e "dor" no momento em que a fotografia foi tirada. Anos mais tarde, Korda declarou que seu retrato capturou todo "caráter, firmeza, e determinação" que Guevara possuía. Guevara tinha 31 anos quando a fotografia foi tirada.
De acordo com o Instituto-Faculdade de Arte de Maryland, o retrato de Guevara é "a mais famosa fotografia do mundo e um símbolo do século XX, onde declarou ser "a imagem mais reproduzida da história da fotografia". Jonathan Green, diretor do Museu de Fotografia da Universidade da Califórnia, afirmou que "a imagem de Korda se transformou num idioma ao redor do mundo. Se transformou num símbolo alfa-numérico, num hieróglivo, um símbolo instantâneo. Ela reaparece misteriosamente sempre que há um conflito. Não há nada na história que funcione desse jeito".

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* 1 Parede exterior da sala Cecíla Meireles /Rio
2,3 colagens que fiz para montar um painel com meus alunos....

Agora:
ouvindo: John Cage, Arturo Marquez, Billie Holliday(sempre), Cartola, Marina de La Riva , Bebo Valdes
filmes: Totalmente Kubrick, e um dos meus preferidos, pois já vi várias vezes e acabei de rever Feios, Sujos e Malvados (inspiração para este post)
arte: LOUISE BOURGEOIS

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

...SERÁ ALGUÉM PODE FALAR A VERDADE!?



Papai Noel filho da puta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista

Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres

Papai Noel filho da puta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista

Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres

Pobres, pobres...
Mas nos vamos seqüestrá-lo
E vamos matá-lo!

Por que?

Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!

Por que?

Papai noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista

Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres

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* LETRA : GAROTOS PODRES / Papai-Noel Filho da Puta

Já começou este inferno do Espírito de Natal, coral com crianças de toucas vermelhas e cheias de esperanças, canções e enfeites brilhantes que iludem que o mundo é perfeito e justo !!! Um viva ao Capitalismo mais Socialista-comunista! O NATAL ... Que POrra é essa ... será que alguém pode dizer a verdade?!

* http://br.youtube.com/watch?v=qoeOiHWDx7c

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

... é tempo de GENTILEZA...

"Culpamos as pessoas das quais não gostamos pelas gentilezas que nos demonstram." (Friedrich Nietzsche)






* VVVERDE É VIDA / GENTILEZA MEUS / FILHOS BEM VINDO AO / RIO AMORRR NÃO USEM PRO / BLEMAS NÃO USEM POBREZA / USEM AMORRR DO GENTILEZA / E A NATUREZA DEUS NOSSO / PAI CRIADORR TEM BELEZA / PERFEIÇÃO BONDADE E RI /PRAGA ASSASSINO EO / CAPETALISMO SURDOS CE / GA MATA CONDUZ PARA / O ABISMO TENQUE SSERR / QUEIMADO POR JESSUSS


* GENTILEZA QUE / GERA GENTILEZA / COM AMORRR E PAZ / PARA UM BRASIL E UM / MUNDO MELHOR MEUS / FILHOS NÃO USEM PROBLE- / MAS USAMOS A NATUREZA

* GENTILEZA GERA GENTILEZA AMORRR / MEUS FILHOS NOSSA CABECA NOSSO MESTRE O / MUMDO E UMA ESCOLA ENSINA O LADO POSITIVO E O / NEGATIVO NOSSO BOM PENCAMENTO NOSSO PARAISO / BOA PALAVRA A PORTA DO PARAISO DE DEUS PENSAME / NTO NEGATIVO DE MALDADE E O INFERNO DO DIABO A / MAL PALAVRAS A PORTA DO PURGATORIO DO MESMO / CUIDADO CABECINHAS CUIDADO LINGUINHAS FERINAS / POR JESUS DISSE PROFETA GENTILEZA AMORRR PAZ




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Frases dos murais do Profeta Gentileza.

* José Datrino, chamado Profeta Gentileza, tornou-se conhecido a partir de 1980 por fazer inscrições peculiares no Rio de Janeiro, onde andava com uma túnica branca e longa barba. Escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju e encheu com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização. Durante a ECO 92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a gentileza e a aplicarem gentileza em toda a Terra.


Ahhh se isso se espalha ...
... mas as pessoas são e estão como bala "Butter Toffees"
... doces e azedas ...

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Agora:

lendo: A Revolução dos Bichos - George Orwell

ouvindo: Django Reinhardt, Gustavo Santaolla, Fiona Apple, Beirut, Morphine, Stravinsky

arte; salve Artur Bispo do Rosário ( breve postarei sobre ele)

... Nietzsche... Deus ainda está morto....

sábado, 29 de novembro de 2008

... resposta a Dream Theater - "Vacant"...



Quando ouvimos música, os sons que adentram nossos ouvidos nos invadem e nos dão a sensação de uma plenitude abstrata: vibrações que tocam nossa sensibilidade impalpável. Pelo teor imaterial de tais percepções, a música aproxima-se da matemática. Pela comoção de nossos sentimentos, de modo quase que inexplicável, ela provoca emoções, algo que nenhuma fórmula pode nos propiciar. Equações de afetos.
Mas ao perfazer seus caminhos em meio às ramificações de nossa psique, alma e corpo, os sons podem percorrer predominantemente duas direções opostas: ou vão mais para baixo, rumo ao corpo; ou tendem a se elevar em direção à energia pensante que, nos parece, paira acima de nosso cérebro.
Se, por fim (ou por começo?), isolarmos toda a massa concreta de nossa face e crânio, cérebro incluso, da nossa faculdade abstrata de pensar, a partir de que lugar falaríamos? Da cara, crânio e cérebro que não refletem nem pensam, ou do próprio pensamento? Neste ponto, já perderíamos a fala, e a língua abstrair-se-ia em pura linguagem.
E eis aí, de novo, o ápice da dúvida que levou o Filósofo a descartar tudo, menos o cogito, na mais soberba de todas as formulações da filosofia: sou enquanto penso, não necessariamente enquanto sinto…
Nisso reside à diferença substancial entre a música de entretenimento e uma outra, que nos inter-tem e se envereda pela mais impura das especulações acerca dos (i)materiais sonoros. Se os sons que adentram nossos ouvidos vão preponderantemente para baixo, dirigem-se ao corpo, modelam-se aos pés e evocam a dança, atrelam-se ao ritmo, alinham-se às pulsações do coração, provocam a comoção potencialmente catártica das massas uniformes, corpos de bailes. Se vão para cima, reforçam sua índole abstrata, fazem com que esqueçamos do tempo, priorizam as relações harmônicas, abandonam o terreno rítmico e adentram o âmbito quase imensurável das durações, paralisam o ente-ouvinte diante de uma porção da eternidade, aproximando-o da estonteante velocidade da luz, e isolam seus criadores mais radicais, desnudados e alvejados por corpos dançantes, em suas torres de marfim.
Orgasmo, ápice que passa, e tesão, gozo que permanece: indo para baixo, em sentido inferior, os sons vão ao encontro do belo, corpóreo e efêmero como toda contingência; mas para cima, atingem o sublime, algo superior, histórico e imbuído de memória, como toda essência. E quando o fazem, arrebatam toda sensibilidade, causando-nos os arrepios de que só a música é capaz. O belo, aí, desvenda-se como neurotransmissores do sublime, pois arrepiar-se nada mais é que elevar os pêlos, elementos corpóreos de superfície, para cima! É o que nos propicia a escuta, em ziguezague quântico, dos grandes Bs, Ms e Ss da história: Bach, Schubert, Mozart, Beethoven, Monteverdi, Stravinsky, Brahms, Strauss, Berlioz, Webern, Schoenberg, Boulez, Mahler, Bartók, Messiaen, Berg, Schumann, Stockhausen, Berio…
Não à toa a dança mais extraordinária é a que se demonstra capaz de coreografar o silêncio, pois toda obra musical de gênio, completa, complexa, aponta soberbamente para múltiplas direções, afetos e especulações, mas jamais deixa de exercer a preponderância do sublime diante e a partir do belo.

# Flo Menezes

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* foto: Orquesta Sinfônica Jovem Prof. Mariuccia Iacovino.
Apresentação sala Cecilia Meireles - Rio 27/12/2008.

# http://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/tiki-index.php?page=Flo+Menezes
http://sites.uol.com.br/flomenezes
* capa do disco Dream Theater Título:Train Of Thought
Ano: 2003

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

... asas do desejo...



"Pés para que os quero se tenho asas para voar." Frida Kahlo




... Quem conhece sua vida sabe que se alguém precisava de asas
era ela
e se alguém as teve
foi ela
e se alguém as usou para voar bem alto...
esse alguém
foi ela...
... Frida Kahlo
era uma mulher
era um pássaro
e ainda hoje
voa...
Frida , Frida ... Laranja, muito calor, anarquistas, um pintor famoso, comunistas, sapo gordo, espelho, Marx, cactos, um pavão com penas verdes, Trotsky, revolução, a dialéctica de Hegel, tequila, vestidos vermelhos, trança no cabelo, México dos Maias, Casa Azul... fugitiva d'uma caixa de Pandora ...
Dor... vivida...
vida e morte...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

... Terra em Transe...


Uma poesia ártica, claro,
é isso que eu desejo.
Uma prática pálida, três versos de gelo.
Uma frase-superfície onde vida-frase
alguma não seja mais possível.
Frase, não. Nenhuma.
Uma lira nula, reduzida ao puro mínimo, um piscar do espírito,
a única coisa única. Mas falo.
E, ao falar, provoco nuvens de equívocos (ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos.

Paulo Lemiski

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* foto: Glauber Rocha. "Inventaria-te antes que os outros te transformem num mal-entendido".
O Cinema Novo foi um movimento do cinema brasileiro que durou de 1955 a 1971 e sofreu influência direta do Neo- realismo italiano e da Nouvelle Vague francesa. Os principais diretores deste período foram Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Roberto Santos, Ruy Guerra e Nelson Pereira dos Santos que deu início ao movimento em 1955 com o filme Rio, 40 Graus.
* Assista: Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe, os dois do Glauber.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

... existe um instante???


Você já se perguntou o que marca o nosso tempo aqui???
Se uma vida pode realmente ter um impacto no mundo???
Ou se as escolhas que fazemos importam???
Às vezes para mover-se,
você precisa voltar....
nesse caso...
só alguns minutos...
Você já se perguntou o que marca o nosso tempo aqui???
um homem pode mudar muitas vidas???
...
Quando tantas pessoas estão solitárias o quanto parecem, seria imperdoavelmente egoísta se sentir solitário sozinho.
* um passo adiante e você não está mais no mesmo lugar!!!_____________________________________________
foto: Man Ray

Man Ray (1890-1976) é considerado um dos pioneiros mais importantes da fotografia contemporânea. As suas fotografias abriram novos caminhos, em especial no setor experimental. Juntamente com Lee Miller, desenvolveu o processo de solarização, que usou sobretudo em retratos, mas também em fotografia de nus.

domingo, 16 de novembro de 2008


Um homem se questionava sobre o espírito presente não na natureza, mas no fundo do espelho diante do qual se reencontrava cada manhã. Ele perguntou-lhe, fixando-o profundamente: “Será que um dia você poderá ver como eu te vejo, ver como vê um ser humano”? O espelho começou a refletir longamente, a analisar quais seriam suas maneiras próprias de ver e olhar. Enfim, ele imprimiu sua resposta sobre o fundo de estanho, como todos os espelhos fazem. O homem se extasiou quando descobriu essas palavras, impecavelmente traçadas sobre a superfície polida: “Isto-me-lembra-uma-história”. Aturdido ainda, o homem lhe respondeu: “O que é uma história?”. O espelho lhe respondeu: “São pequenos nós, maneiras de ser atadas e reatadas, modos de ser reunidos , como você e eu, estamos, neste momento”. Acrescentou: “Minha história não é apenas a sua, a de seu pai e de sua mãe, a história do afeto que você foi - antes disso - a história do nascimento da animalidade e a história da emergência da vida; é também a história do nascimento da sombra e da luz, a história de teus olhos que aprenderam a ver e a não ver, a história das representações humanas, a história da perspectiva, a história das imagens que fabrico e das imagens que você concebe para tentar se entender. Todas essas histórias são de nós, imediatamente legíveis”. O espelho, então, estremeceu e, em seguida, esfacelou-se no chão. Perante o homem, havia apenas uma fotografia.
Etienne Samain

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Espelho, espelho meu...


"O que é um espelho? Não existe a palavra espelho - só espelhos, pois um único é uma infinidade de espelhos. Em algum lugar do mundo deve haver uma mina de espelhos? Não se precisa de muitos para se ter a mina faiscante e sonambúlica: bastam dois, e um reflete o reflexo do que o outro refletiu, num tremor que se transmite em mensagem intensa e insistente ad infinitum, liquidez em que se pode mergulhar a mão fascinada e retirá-la escorrendo de reflexos, reflexos dessa dura água.
O que é um espelho? Como a bola de cristal dos videntes, ele me arrasta para o vazio que no vidente é o seu campo de meditação, e em mim o campo de silêncios e silêncios. Esse vazio cristalizado que tem dentro de si espaço para se ir para sempre sem parar: pois espelho é o espaço mais profundo que existe."

Clarice Lispector

Agora:

lendo " A maça no escuro" / Clarice Lispector
ouvindo Kodo/ Madeleine Peyroux / Yann Tiersenn / Astor Piazzola
arte ... eternamente Frida Kahlo...
e continuando a estudar Nietzsche


" Deus está morto"

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"O Terceiro Mundo já explodiu, e o lixo está contaminando o universo!
Salve a boçalidade do submundo!
Quem tiver de sapato não vai sobrar, não vai sobrar, não vai!
O negócio é o seguinte: quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha e se esculhamba! Estética do lixo!
Tudo está contaminado por uma incrível luz vermelha."

"Quem não pode nada tem mais é que se esculhambar."
"Posso dizer de boca cheia: eu sou um boçal."

* "O Bandido da Luz Vermelha".


O Bandido da Luz Vermelha é um filme brasileiro de 1968, , dirigido por Rogério Sganzerla e baseado na vida do famoso criminoso João Acácio Pereira da Costa, o "Bandido da Luz Vermelha". Um assaltante misterioso usa técnicas extravagantes para roubar casas luxuosas de São Paulo. Apelidado pela imprensa de "O Bandido da Luz Vermelha", traz sempre uma lanterna vermelha e conversa longamente com suas vítimas. Debochado e cínico, este filme se transformou num dos marcos do cinema marginal. ´
Quem não viu ... veja então!!!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

... paradeiro...

Haverá paradeiro para o nosso desejo
Dentro ou fora de um vício
Uns preferem dinheiro
Outros querem um passeio perto do precipício

















Haverá paraíso
Sem perder o juízo e sem morrer
Haverá pára-raio
Para o nosso desmaio
Num momento preciso
Uns vão de pára-quedas
Outros juntam moedas antes do prejuízo
Num momento propício
Haverá paradeiro para isso?
...

Haverá paradeiro
Para o nosso desejo
Dentro ou fora de nós?
Haverá paraíso

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letra: Arnaldo Antunes
foto: Pico das Agulhas Negras / trilha Morro do Couto
... continuo querendo desejar cada vez mais... Ah Lacan!

domingo, 9 de novembro de 2008

... OJOS DE YEMANJÁ


...
Olhei o espelho...
O esquecido da imagem...
Corpo de sereia,
olhos de fada em céu pintado,
ponto por ponto
Como o “TODO”
Só ele me entende...
Segredos em conchas do mar
por vezes silenciada...
e o sol no teu olhar
e a onda que vai quebrar ...
como o olhar que o tempo matou...


É na beira do mar,
brisa serena,
E na beira do mar, se serenou,
Na areia do mar, areia, areia
Maré cheia e mar, marenejou.

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faz alguns dias que fiz - cerâmica(grés) só falta queimar!!!
Saudades do mar...

* copiei o texto do meu Flog , pois algumas fotos se perderam no "obscuro universo internético"

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

.. de Krajcberg à..











.no espaço-tempo da vida de um homem, a Natureza é a medida de sua consciência e de sua sensibilidade, para chegar à certeza de que; a natureza original deve ser exaltada como uma higiene da percepção, e um oxigênio mental: um naturalismo integral, gigantesco catalisador e acelerador das nossas faculdades de sentir, pensar e agir"
... Krajcberg

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Fotos : mangue em Picinguaba-SP,
Krajberg entre suas obras
pensando em "imagens de Krajcberg, Mangue Beat, Chico Science e Nação "Caranguejo com Cérebro", parece obvio eu sei, mas.....

terça-feira, 4 de novembro de 2008

E daí ... vais me bater?!


Temperamento impulsivo...
“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade. Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda."

Clarice Lispector

OU NUNCA SEREI...