quarta-feira, 25 de março de 2009

Guerrilheiro do séc. XXI? ... Quero ser Banksy...







Banksy é o anônimo mais famoso que existe. Seu nome solicitado ao Google gera mais de um milhão de páginas. Bansky ficou anonimamente famoso com a sua streetart, com os seus graffiti inicialmente pintados em Bristol na Inglaterra, mas depois em várias outras cidades do mundo.
Os locais por ele escolhido são os mais diversificados. Tanto pode ser um muro em um local abandonado, como uma parede de uma loja em uma rua bem movimentada de uma metrópole; pode ser Berlin, em um monumento russo, ou na Faixa de Gaza. (…)





No início do ano passado a famosa Sotheby de Londres vendeu um quadro de Banksy por 80.000 euros. Alguns graffiti de Banksy valem mais do que as próprias casas nas quais eles foram pintados. Sua técnica é a do estêncil que ele prepara cuidadosamente em casa e na rua basta o tempo para fixá-lo e utilizar o spray. É fatal que o homem conhecido como Banksy seja o maior artista de rua dos nossos tempos. O alcance global do conteúdo de suas obras, aliados à uma certa onipresença e a ousadia na escolha dos lugares a serem interferidos (a Disneylandia ou os pingüins do Zoológico de Londres) fizeram de seus stenciles imediatamente reconhecíveis pelo grande público mas, a despeito disso, seu nome verdadeiro, ano de nascimento e cidade natal permanecem um mistério.
Desde o ano passado, pedaços de rua grafitados têm sido arrancados e vendidos no e-Bay a 20 mil libras. Tanto furor tem a ver com a crescente atenção e importância que as intervenções urbanas vêm ganharam nos grandes e médios centros urbanos de todo mundo depois de saírem da esfera da pichação pura – uma concorrência entre grupos e indivíduos pichadores cujo objetivo é, essencialmente, elevarem seus nome e assinaturas através do vandalismo mais arriscado. As intervenções urbanas são agora parte da chamada arte contemporânea pelo refinamento dos objetivos, referências das gravuras e complexidade das mesmas; são instalações artísticas à céu aberto que hoje dialogam com o aspecto do pixe (nada de tintas nobres, técnicas acadêmicas ou amenidades) e com as grandes galerias de arte.
Banksy é um dos cabeças-de-chave desse movimento que têm levado as ruas para dentro dos museus e a arte para transeuntes. Suas gravuras possuem um claro conteúdo político, rebelde, que se derrama em sarcasmos tão violentos quanto sutis: o soldado sendo revistado pela menininha, o guerrilheiro que joga um buquê de flores ao invés de uma bomba, a empregada varrendo a sujeira para dentro da parede, os dois assassinos de Pulp Fiction portando bananas ao invés de armas, ou portando armas, mas vestidos de bananas. São protestos que podem ser compreendidos e sentidos do mesmo modo por londrinos e colombianos, Banksy mexe com a cultura de massa, com os produtos e a miséria nossa de cada dia e depois embala tudo com tinta preta e referências à artistas contemporâneos como a fotógrafa norte-americana Diane Arbus ou o pop-artist Andy Warhol. Sua obra é carregada de conteúdo social expondo claramente uma total aversão aos conceitos de autoridade e poder. Em telas e murais faz suas críticas, normalmente sociais, mas também comportamentais e políticas, de forma agressiva e sarcástica, provocando em seus observadores, quase sempre, uma sensação de concordância e de identidade. Suas pinturas protestam a guerra, o capitalismo, a publicidade e a opressão de animais.
Apesar de não fazer caricaturas ou obras humorísticas, não raro, a primeira reacção de um observador frente a uma de suas obras será o riso. Espontâneo, involuntário e sincero, assim como suas obras.

Site oficial:

http://banksy.co.uk/







Se Marx disse, em outros tempos, “proletários de todo o mundo, uni-vos”, agora é a altura de Banksy, um dos mais emblemáticos artistas de rua do mundo, dizer “graffiteiros de todo o mundo, uni-vos”.






terça-feira, 10 de março de 2009

O Desejo de Deleuze...







"... tarefa de filósofo, pretendíamos propor um novo conceito de desejo. As pessoas, quando não fazem filosofia, não devem crer que é um conceito muito abstrato, ao contrário, ele remete a coisas bem simples, concretas. Veremos isso. Não há conceito filosófico que não remeta a determinações não filosóficas, é simples, é bem concreto. Queríamos dizer a coisa mais simples do mundo: que até agora vocês falaram abstratamente do desejo, pois extraem um objeto que é, supostamente, objeto de seu desejo. Então podem dizer: desejo uma mulher, desejo partir, viajar, desejo isso e aquilo. E nós dizíamos algo realmente simples: vocês nunca desejam alguém ou algo, desejam sempre um conjunto. Não é complicado. Nossa questão era: qual é a natureza das relações entre elementos para que haja desejo, para que eles se tornem desejáveis? Quero dizer, não desejo uma mulher, tenho vergonha de dizer uma coisa dessas. Proust disse, e é bonito em Proust: não desejo uma mulher, desejo também uma paisagem envolta nessa mulher, paisagem que posso não conhecer, que pressinto e enquanto não tiver desenrolado a paisagem que a envolve, não ficarei contente, ou seja, meu desejo não terminará, ficará insatisfeito. Aqui considero um conjunto com dois termos, mulher, paisagem, mas é algo bem diferente. Quando uma mulher diz: desejo um vestido, desejo tal vestido, tal chemisier, é evidente que não deseja tal vestido em abstrato. Ela o deseja em um contexto de vida dela, que ela vai organizar o desejo em relação não apenas com uma paisagem, mas com pessoas que são suas amigas, ou que não são suas amigas, com sua profissão, etc. Nunca desejo algo sozinho, desejo bem mais, também não desejo um conjunto, desejo em um conjunto.."

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* fragmento da entrevista "O Abecedário de Gilles Deleuze" da série de entrevistas, feita por Claire Parnet nos anos 1988-1989.

http://intermidias.blogspot.com/
neste link tem a entrevista na integra.

* foto 2 - minha cena favorita do filme do Bergman : O Sétimo Selo (1957). Inesquecível partida de xadrez entre o cavaleiro e a morte que mudou para sempre a face do cinema, eterno jogo entre a luz e as trevas.
Qual a associação? Bem, Deleuze suicidou-se em 4 de novembro de 1995. Talvez tenha travado uma jogada de xadrez e tanto tbm.... Praticamente um xeque-mate.

sábado, 7 de março de 2009

Desejos Perpétuos...

"Seres humanos são criaturas de Desejo.Eles se torcem e dobram como eu exijo."

Só há uma coisa pra se ver no reino crepuscular de Desejo. É o que se chama limiar, a fortaleza do Desejo. Desejo sempre morou no limite. O limiar é maior do que podemos imaginar. É uma estátua de Desejo,ele ou ela própria.(Desejo nunca se satisfez com um único sexo. Ou apenas uma de qualquer coisa... Exceto, talvez, o próprio limiar.)O limiar é um retrato do Desejo,completo em todos os detalhes, erguido, a partir de seus caprichos, com sangue,carne, osso e pele. E, como toda verdadeira cidadela desde o início dos tempos, o limiar é habitado. O lugar só tem um ocupante neste momento.O Desejo dos Perpétuos. O limiar é grande demais para apenas uma pessoa. Contém dois tímpanos maiores que uma dúzia de salões de baile. E veias vazias e ressonantes como túneis. É possível andar nelas até envelhecer e morrer sem passar novamente pelo mesmo lugar. Entretanto, dado o temperamento de Desejo, só há um lugar em toda a catedral de seu corpo que lhe serve como lar. Desejo mora no coração.
É improvável que qualquer retrato consiga fazer jus a Desejo,pois vê-la (ou vê-lo)seria o mesmo que amá-lo(ou amá-la) - apaixonadamente,dolorosamente, até a exclusão de tudo o mais. Desejo exala um perfume quase subliminar de pêssegos no verão e projeta duas sombras: uma negra e de nítidos contornos; a outra sempre ondulante,como neblina no calor. Desejo sorri em breves lampejos, da mesma forma que o brilho do Sol reluz no gume de uma faca. E há muito, muito mais do gumede uma faca na essência de Desejo. Jamais a(o) possuída(o), sempreo(a) possuidor(a), com pele tão pálida quanto fumaça, e olhos aguçados como vinho. Desejo é tudo o que você sempre quis. Quem quer que seja você. O que quer que seja você.Tudo.

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http://www.sonhar.net/php/index.php

* Sandman é uma revista de história em quadrinhos Foi criada por Neil Gaiman em 1988. Suas histórias descrevem a vida de Sonho, o governante do Sonhar (o mundo dos sonhos) e sua interação com o universo, os homens e outras criaturas. Os Perpétuos ou Sem Fim (Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio) são um grupo de seres que personificam vários aspectos do universo na série de história em quadrinhos Sandman, de Neil Gaiman. Eles existem desde a aurora dos tempos e acredita-se que estão entre as criaturas mais poderosas (ou pelo menos influentes) do universo Sandman, desempenhando papel central ao longo da história, em que Sonho é o protagonista.


Recomendo o filme MIRROR MASK , roteiro do Gaiman.
É um mergulho "fantástico ao mundo do SONHAR".