sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Louise Bourgeois desenvolveu uma lógica das pulsões, importando vincular sua obra aos grandes temas do conhecimento ou da literatura e não aos sistemas da arte. Melhor falar então de um material extraído de recalques e embates da vida como abandono e ira, desejo e agressão, comunicação e inacessibilidade do Outro. No confronto permanente entre pulsões de morte, angústia, medo e as pulsões da vida, a obra de Louise Bourgeois é uma dolorosa e triunfante afirmação da existência iluminada pela libido. Nessa obra biográfica e erotizada, transformar materiais em arte é uma conversão física, não no sentido religioso, mas como a conversão da eletricidade em força. Digamos que a obra de Com o propósito de adquirir um melhor entendimento da obra de Louíse Bourgeois, é preciso estar atento aos questionamentos que certamente o seu trabalho, por sua especificidade nos coloca, assim como o espaço, o tempo e o ambiente artístico onde esta produção está inserida. A artista está envolvida em algum desses debates? Quais? Como? Por volta de 1968, inicia se uma radicalização dos artistas em torno de assuntos como a Guerra do Vietnã e a ascensão do movimento do poder Negro e da “Nova Esquerda” (políticas feministas, ecológicas e culturais). Entre essas discussões estava em evidência as críticas feministas que se apropriavam de palavras de ordem como “o pessoal é político” reforçando a idéia de que o aspecto da opressão que a mulher experimentava em sua própria vida tinha de fato uma dimensão política. Louíse Bourgeois fazia parte desse grupo e seu trabalho era reconhecido como uma das grandes representações dessa manifestação. Esses dados geram então outras curiosidades: Como ela faz de seu trabalho uma representação da manifestação feminista? Se estabelecermos um paralelo entre sua produção e a de outras artistas a que respostas chegaremos? Sendo autora de um número tão grande de desenhos, esculturas e instalações, é possível identificarmos uma linearidade em sua poética? Será possível identificar alguma característica capaz de facilitar o nosso entendimento á respeito dos ideais da arte da primeira metade do século em relação ás décadas subseqüentes?Caminhe pela territorialização de imensidões. São assim o corpo, a casa, a cidade e o desejo. Ou a geometria, a família e a insularidade. Obra antiplatônica, não se satisfaz com o mundo das idéias e conjecturas. Deseja ter um corpo.
Esta arte não despreza a intensa referência ao sujeito. Retira a mulher da zona da sombra da história da arte. E esse sujeito da arte é uma mulher. Depois de Bourgeois, o universo da arte já não será de mulheres no mundo dos homens, nem têm de falar aí a linguagem dos homens, mas tornar presente seu próprio desejo. Moda e roupa são partes de um código identificado com o feminino.

A imensa Aranha é trabalho, doação, proteção e previdência. É da potência da teia oferecer-nos acolhida ou enredar-nos como uma presa...


'A domesticidade é muito importante. Eu a acho avassaladora. Como tem de ser prática, paciente e prendada.'



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lendo: A Desobediência Civil / Henry David Thoreau
ouvindo: Celson Fonseca, Odetta, Regina Carter, Mary Lou Wiliams

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